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A vacina e o mito
Data:16/02/2022 - Hora:08h04

Para estimular o raciocínio crítico e incentivar meus alunos da graduação a pesquisarem fontes confiáveis, como artigos científicos, dissertações e teses, eu elaborava uma estratégia que iniciava com a proposta da turma organizar um churrasco de confraternização. 

Então, perguntava a eles qual carne preferiam: bovina, suína ou de frango. Neste momento de discussão, geralmente algum aluno se manifestava e afirmava que o frango de granja recebe hormônio, pois se o frango “caipira” é criado solto e com alimentos naturais e não chega àquele tamanho, o de granja só poderia receber “algo” para crescer tão rápido. 

Para mensurar as opiniões, fazia duas colunas na lousa, de um lado anotava a quantidade de alunos que acreditavam que o frango de granja não recebia hormônio e, do outro, os que achavam que sim (e que ainda explicavam que esse uso se dava por meio de injeção no animal ou era adicionado na ração ou na água). O fato é que a maioria absoluta dos estudantes acreditava que o frango recebia hormônio. 

Mesmo que eu explicasse que o frango de granja não recebe hormônio de crescimento em nenhuma etapa de produção e o desenvolvimento desta ave se dá por conta de um conjunto de técnicas, como melhoramento genético, manuseio, alimentação e iluminação adequada, alguns ficavam em dúvida e outros continuavam incrédulos. 

Após intensos debates, propunha então, que fizéssemos uma aposta sobre o nosso conhecimento. Se eu estivesse errado e fosse constatado em fontes confiáveis que há adição de hormônio na produção de frango, eu perderia a aposta e teria que pagar o churrasco para a turma. Caso contrário, se fosse um mito, os estudantes pagariam. 

A comprovação da aposta se daria com a apresentação dos artigos científicos pesquisados. A título de informação, buscando o termo “frango com hormônio” na plataforma Google Acadêmico, o primeiro resultado é o artigo “Caracterização do consumidor de carne de frango da cidade de Porto Alegre”, que afirma, “O grande mito que envolve a avicultura moderna brasileira é a utilização de hormônios para acelerar o crescimento de frangos.“ (NASCIMENTO; LOGUERCIO; CAMARGO, 2007, p. 257). Além desse, há muitos outros trabalhos, e nenhum aponta o uso de hormônio de crescimento no frango. Logo, sempre ganhei as apostas. 

Mas afinal, o que esta história tem a ver com a resistência à vacina da Covid-19? O primeiro aspecto em comum desses dois temas vem da base das informações sobre a vacina, oriundas de características do senso comum, como observação limitada e simplista, preconceitos e ideologia. Junto a isso, a incapacidade crítica de diferenciar o conhecimento científico da pseudociência. O outro ponto comparativo é o da coragem que os incrédulos têm em “apostar” o conhecimento que julgam serem os verdadeiros, portanto, os que negam a vacina e a ciência estão colocando em risco a própria vida contra um vírus que já causou a morte de milhares de pessoas no mundo todo. 

Se a produção de aves envolve um grande conhecimento científico, imagine o do desenvolvimento e produção de vacinas. Para se ter uma ideia, a tecnologia para combater a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) iniciou em 2003, quando aconteceu o primeiro surto de coronavírus. Trabalhos publicados mais recentes fortalecem este desenvolvimento tecnológico, como o artigo da Nature, publicado antes da pandemia, em 2018, de título Vacinas de mRNA - uma nova era em vacinologia. Além de uma grande maioria não querer “perder tempo” com pesquisas, uma dificuldade adicional é a busca por informações científicas que, muitas vezes, requerem uma interpretação mais apurada do leitor. Aliado a isso, soma-se o bombardeio de fake news e teorias conspiratórias que confundem a população. 

O fato é que a comunidade científica deve promover a popularização da ciência para que esse tipo de conhecimento se torne componente da cultura e da rotina dos cidadãos brasileiros. Quanto mais esclarecidos, mais conscientes de suas escolhas e consequências. ___***Fernando Wosgrau é administrador, mestre em Agronegócios. 




fonte: Fernando Wosgrau



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