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Por uma Universidade politizada
Data:19/04/2018 - Hora:08h41

Confesso que, de vez em quando, ao aguçar a sensibilidade para o nosso entorno, acabo ficando entristecido. A cada anúncio de corte nos repasses de verbas à Universidade, a cada ameaça de corte ou de redução de um programa de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, a cada caça às bolsas estudantis, a cada discurso plantado de austeridade seletiva, dentre tantas outras dilacerações já feitas e tantas outras em andamento, a dor, pela importância do bem que atingem, transcende o físico e alcança a alma – “a alma coletiva”. E, pelo que percebo, como não poderia ser diferente, essa angústia não é sentida apenas por mim. Ao escutar outros professores e profissionais técnicos de longas datas, muito mais experientes do que eu e, por certo, donos de um brilhantismo admirável, as leituras e impressões sobre as condições de nosso contexto universitário (e do contexto universitário brasileiro) se assemelham. As narrativas se repetem.

Contudo, mesmo levando em conta esses momentos de baixa em nossos ânimos, por outro lado, também percebo que a luz que ilumina os nossos desejos, sonhos, diálogos, reflexões, práticas sociais na academia, persiste acesa. E assim me manifesto não por ilusão ou romantismo, tampouco por acreditar, como alguns desavisados acreditam e espalham pelas ruas e esquinas, que a qualidade e excelência que almejamos decorrerá única e exclusividade de nossas vontades – da vontade dos professores, principalmente – como se um conjunto de fatores estruturais não tivesse que concorrer para alcançar esses objetivos. Assim me manifesto, porque, acompanhados ou não com os agravos e com as desfeitas que (historicamente) nos seguiram e continuam a nos seguir – ataques “não-imaginários”, diga-se de passagem, por todos os lados, violentos inclusive –, as nossas potencialidades criativas e de transformação permanecem vivas, pulsando e, o melhor, gerando efeitos.

E sobre os efeitos, rapidinho, aproveitando a oportunidade, emendo que talvez ainda não sejam aqueles que gostaríamos, ou melhor, talvez ainda não sejam aqueles necessários para que tantas promessas feitas em nome da educação e, principalmente, em nome do Ensino Superior se realizem, mas há de convirmos que não deixam de ser efeitos, e efeitos positivos, que, devagar ou depressa, estão dando novas cores ao nosso meio, estimulando novas ideias e, o que para mim não tem preço, desnaturalizando conceitos e preconceitos que mais nos segregam do que nos aproximam. Compartilhado o cenário ou, quem sabe, compartilhado o desabafo, considerando que o avanço em direitos e o desenho de uma agenda cidadã decorrem das conquistas populares, tendo a Universidade responsabilidade nesse processo; e, igualmente, considerando que os nossos desafios, valores e missão institucionais não estão (e não devem estar) desconectados dessa dinâmica, é que há muito – antes na escola como estudante, depois como graduando e agora como professor –, incentivo, adoto e aplaudo o fomento aos diálogos políticos no espaço acadêmico e deste para outros espaços, é claro. E digo isso, porque é na política e não fora dela que conseguimos, enquanto membros de uma Universidade, identificar as nossas fragilidades, e especialidades, os nossos erros e acertos e as nossas direções e contradições, dar projeção às nossas reivindicações e pleitos e operacionalizar nossas estratégias de funcionamento e atuação perante à sociedade.

A política está, quer queira, quer não, presente e enrolada em quaisquer dos temas que tratamos em sala de aula e para além dela. Seja como fundamento, seja como diretriz, seja como princípio, seja como fator histórico, sociológico e/ou econômico, seja como tendência, não é de outra coisa que falamos em todos os encontros senão sobre política. A política está, sob um ponto de vista mais restrito, nas linhas e nas entrelinhas de nossos planos pedagógicos, de nossas ementas, das referências bibliográficas e demais fontes que utilizamos no desenvolvimento de nossas disciplinas e atividades pedagógicas; sob um ponto de vista mais amplo, nas decisões de nossos Conselhos Superiores, na elaboração e na promulgação das Resoluções que nos regem, nos posicionamentos e nos legítimos embates assumidos pelos sindicatos das categorias que nos representam; e, sob um ponto de vista ainda mais amplo, a política está nas relações autônomas e autodeterminadas entre a Universidade e os outros entes da Administração Pública local, estadual e nacional. Nesse sentido, não há como nos Cursos de Graduação ou de Pós-graduação, independentemente do ramo ou da área de conhecimento, desprezarmos a promoção de diálogos políticos. E quando falo dessa forma, não se trata de um simples “link” a ser feito, de um evento específico programado, de uma mera referência a ser comentada ou de um exemplo a ser tirado da cartola, mas de uma interação constante de sentidos, de relações, de implicações, de exames de causas e de consequências, de análises de conjunturas, de prós e contras.

Uma Universidade despolitizada é uma Universidade que está à mercê dos ventos mais fracos, daqueles mais ralinhos, prestes a cair. Pois a neutralidade, como resultado da despolitização, além de ser falsa e não ser uma companhia nada boa a se ter, legitima a opressão e mantém tudo como sempre esteve (e está). Pois, a ausência de criticidade, também como resultado da despolitização, além de ser perversa, porque gera uma sensação de normalidade, de ordem natural das coisas, de organização precisa e inquestionável, esvazia o sujeito da capacidade de, por si só ou coletivamente, refletir e duvidar sobre o seu ambiente. Uma Universidade politizada, como contraponto à despolitizada, descrita no parágrafo anterior, não é a Universidade do conflito, da corrupção, da falcatrua, inimiga da pluralidade e da democracia. Ao contrário, na verdade, é a Universidade forte, que conhece seus compromissos sociais e troca ideias com as comunidades que a constituem, que tem plenas condições de se garantir quanto aos perigos e ameaças que lhe são colocados, quanto aos vendavais que lhe abatem – não somente os ventos mais fracos – e quanto às arbitrariedades externas que lhe são impostas.

Que a Universidade siga nos convidando a politizá-la e a politizar a nós mesmos! ***___José Ricardo Menacho - Professor do Curso de Direito da Unemat/Cáceres

 




fonte: José Ricardo Menacho



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