Acorda, Zé Pipoca!
Data:10/02/2018 - Hora:08h33
Reprodução Web
O Carnaval sempre foi um ato político. Na Primeira República, a população negra utilizou o Carnaval para afirmar sua autonomia, ultimamente, apesar da mordaça dissimulada, dos delatores de plantão, a gente ainda encontra um meio, meio arriscado, um espaço de crítica política e social. Musico desde os anos 80, com mais de uma dúzia de composições no canal youtube, egresso do time de Elis e Moraes Moreira, passagens por festivais de MPB dos tempos da brilhantina e ditadura, algo sempre ligou este editor ao carnaval. Mesmo quando nos bancos de faculdade em aulas de sociologia e filosofia do direito, o reinado de momo aparecia como aparelho ideológico do Estado. E o tal aparelho, apesar de controvérsias de cleptocratas do poder forçado, continua sendo, pois ao rufar dos bumbos, a maioria esquece do salário miserável de R$ 965,00 ou seja, menos que a diária de um burguês dos escalões de Brasília, e o mais grave, com o nosso sagrado dinheiro, sangrado via impostos. O sociólogo de botequim diz que no Carnaval, o humor e o sarcasmo funcionam como arma de transgressão política, que a brincadeira é uma forma de manifestação, pode até transparecer, mas visto pelo realismo do Panis et Circensis, assim como o futebol, o carnaval, não deixa de ser um aparelho ideológico de Leviatã, para anestesiar por três dias e noites, o folião assalariado, desempregado, sem norte, sul, leste ou oeste. As marchinhas Escravo Cidadão e Tem Culpa-Eu?, mostram nosso lado protestante musical, sem compromisso com as surubas mentais dionisíacas do século XXI, sem Temer, ... Jamais curvar-se ao picadeiro do Circo Brasil, onde os poderosos chicoteiam operários na reforma trabalhista, ou ficar na galera batendo palmas aos clowns engravatados. Melhor, aquela cachaça com chandon, de Lorde Dannyelvis no youtube, no chateau, da General Osório, como diz o amigo Mané Futrica. Mesmo porque, na quarta feira que já foi de cinzas, passou pelo gás, (reajustado viu?) e chegou ao laser, a máscara cai, o basquete recomeça o jogo e a chapa esquenta. O Zé que pulou o carnaval com a Maria, que esqueceu da inflação manipulada pelo IPCA, dos aumentos da gasosa, da inflação nas gôndolas dos mercados, da Zica Vírus, chicungunha, dengue e Cia, vai cair na real; afinal, os milhões do carnaval dos bacanas, dos retiros de Marambaia, vão faltar no SUS; (chá de boldo e benzimento da Dona Zefinha pra curar ressaca de corotinho, caganeira dos moleques e dor nos quartos da dona encrenca); no reajuste dos professores, (eita gente sofrida) nos tapa-buracos de rodovias, (asfalto isopor casca de ovo) e os etcéteras. Vai ser difícil mastigar com os cacos de dentes, aquele pedaço de pão do bolsa família na incerteza do amanhã, que a plin-plin sugere ser registrado numa selfie-clip. Quer saber, acorda, Zé pipoca, que o carnaval não surgiu nas bibocas das currutelas e sim, nos bailes de gala do império com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808 e continua sendo a festa da burguesia, onde o Zé-Povinho, é usado como bobo da corte. Acorda e vai catar latinha de cerveja de classe media nas ruas e praças, que saco vazio não pára em pé, o leite das crianças não cai do céu e pode faltar trocado pro peéfe logo mais no mata-fome da Filó, né mesmo, Seu Daud?!
fonte: Da Redação
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