Ética tolerante com a corrupção
Data:24/1/2018 - Hora:10h11
Uma das áreas abrangentes dos temas que abordam a Filosofia encontramos a ética, cujo exame das condutas é ponderado conforme os ditames do caráter.
A ética compreende todos os momentos da nossa vida, seja no campo profissional, na cidadania e convivência com os demais, relacionamentos familiares, e até mesmo, - porque não mencionar - em organizações criminosas, pois até mesmo na máfia e em outros arranjos sociais existe o seu código de ética.
Instrumento pernicioso das classes sociais abastadas da sociedade brasileira, a alocução da ética funciona como banjo de seus interesses imorais.
Circuncidada na manipulação das massas despolitizadas, o monopólio da hipocrisia mobiliza parcelas significativas da sociedade sob o slogan embusteiro de combate à corrupção, de passar o Brasil a limpo, entre outros mantras do gênero.
A questão no Brasil é que nossa conceituação de ética é profundamente seletiva, aplicamos de forma irrestrita o dito popular: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Cultuamos uma ética tolerante com a corrupção, desde que seja da mesma classe social pertencente, ou que comunguem dos mesmos preconceitos e interesses quais defendo; afinal antiético e corrupto é o meu adversário, jamais os meus.
Essa ética de ocasião corrói as instituições, deforma a sociedade, e compactua com a permanência dessa classe abastada no poder.
Há um jogo de cumplicidade entre esses moralistas sem moral que visam, exclusivamente, a manutenção de seus privilégios, coexistem apenas para se locupletar do Estado como fonte de suas opulentas vidas.
Encontra solo fértil com o nosso complexo de vira latas. Há reverenciada ideologia do senhorismo. Há um sistema educacional doutrinário de segregação e aceitação da ordem preestabelecida.
Despossuídas de qualquer lastro de honestidade adubam e colhem, incessantemente, um Brasil inerte e complacente com os maiores desmandos de um Estado, que não proporciona ao cidadão comum, nem um tipo de serviço público de qualidade.
Afinal o sistema perverso de uma ética tolerante com a corrupção é vital para a perpetuação de uma classe política hipócrita no comando do Brasil.
Henrique Matthiesen - Bacharel em direito, Jornalista
fonte: Henrique Matthiesen
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