Mel Di Pietro, a denúncia é o caminho da libertação
Data:13/1/2018 - Hora:08h36
Nas minhas férias passei dias muitos agradáveis com a família. Mesmo de férias escrevi um artigo no dia 31 de dezembro de 2017 para a minha página no facebook, sob o título “Porradas Tiros e Fogos de Artifícios”, que trata da violência contra a mulher.
Bom, fui surpreendida, assim que cheguei em casa, com o link que recebi de uma matéria publicada pelo site Folhamax sobre a matogrossense Mel Di Pietro, que usou a sua página pessoal do Facebook para relatar e mostrar imagens da agressão que sofreu do seu ex-namorado, o segurança Daniel Angelo da Silva, de 28 anos.
As imagens são impactantes. O rosto todo transfigurado pelos hematomas da agressão sofrida, passível de comover qualquer pessoa que tenha o mínimo de sensibilidade, mas principalmente outras mulheres que já tenham passado ou passam por isso. Porém, o mais surpreendente nisso tudo é quando se lê os comentários da matéria publicada pelo site. Quanta covardia! Quanta hipocrisia! Quanto preconceito! Quanto! Quanto! Quanto!
Esse artigo é escrito especialmente para o Zé, Rochinha, PVA do Leste, José, Vanderleia Popozuda, Rolainy, Tom, Jeferson, Pedro, Elias, Cuiabano, Marcelo, João Batista, pessoas que não mediram o vocabulário para despejar todo o seu preconceito, sua hipocrisia, sua covardia. Isso mesmo, covardia! É muito fácil se esconder por traz de um pseudônimo e dizer tudo que os senhores e senhoras disseram.
Aliás, covardia é a principal característica de um agressor de mulher, pois perante os homens os mesmos são cordeirinhos. A força de um homem é muito superior a de uma mulher, por isso não existe nada que justifique tamanha violência, tamanha covardia.
A Jovem, Mel Di Pietro, está de parabéns pela coragem que teve ao expor e denunciar seu agressor, principalmente morando em um País como o nosso, onde a legislação é tão branda. A pena para lesão corporal de acordo com a legislação brasileira é de 03 (três) meses a 03 (três) anos de detenção, podendo, nesse caso, em razão do crime ter sido cometido com emprego de violência, ser agravada em 1/6, mas se o Réu for primário, ao final provavelmente a pena poderá ser convertida em mera prestação de serviços a comunidade.
Nota-se então, que embora as coisas tenham evoluído bastante com a Lei Maria da Penha e também com a criação das delegacias especializadas na defesa da mulher, o Poder Público não consegue garantir a segurança da vítima, seja pela omissão da legislação, seja pela falta de estrutura ou pela burocracia.
Desta forma, a vítima de violência doméstica, precisa sim de muita coragem para denunciar o agressor, pois muitas mulheres são assassinadas por seus excompanheiros, após já terem denunciado, de já possuírem medidas protetivas, inclusive. Muitas vezes, depois que elas acham que já estão livres, que conseguiram a tão sonhada liberdade.
Então, quando vejo pessoas tão pequenas e preconceituosas, como às que citei, usando de pseudônimo para criticar vítimas de um crime tão bárbaro, penso em sua covardia e me convenço que devem se tratar também de agressores de mulheres, só isso justificaria a conduta de jogar a culpa na vítima. Geralmente é assim que o agressor se comporta, ele justifica seu crime responsabilizando a vítima.
Triste saber que a jovem Mel Di Pietro não foi e não será a ultima vítima, afinal sempre existirá um Daniel Angelo da Silva a espreita, jovens que aparentam ser normais mas que no fundo são cínicos, dissimulados, truculentos, controladores, incapazes de amar, covardes e cruéis.
A nós resta continuar denunciando e nos unindo, sempre é claro, pedindo a Deus que nos Livre de todo o mal, amém.
SIRLEI THEIS, Advogada Pública e ex-vítima de violência doméstica
email: sirleitheis2017@gmail.com
fonte: SIRLEI THEIS
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