Batalha do Pedra Preta
Data:24/11/2017 - Hora:08h29
No feriado do dia da Consciência Negra, perambulando pelo centro de Cáceres, fizemos uma pausa na Rua Coronel Dulce, extasiado diante de um prédio secular com janelas quebradas e, atrevidamente, ou porque a porta estava arrombada, adentramos aquele espaço que com certeza guarda na memória de muitos setentões de Cáceres, saudosas lembranças. O casarão em azul e branco, palco de festas de debutantes nos anos 40 e até 80 do século passado, com aquele glamour diamantado da elite cacerense, perdera com o tempo e as intempéries sem élan, o finess como diria o Lu Arruda em seus tempos de Correio Cacerense e, estava ali, a nossa frente, agonizante. O telhado ameaçado de cair na próxima chuva mais forte, a pista de baile mais parecendo o piso de um curral de bois, janelas aos pedaços, realmente, tombado, não como patrimônio histórico, mas pelo descaso dos canais competentes. E lembrar, que não faz muito tempo, uns abnegados tentaram salvar o possível, resgatar o mínimo do tradicional clube, locando a quadra para jogos e o salão para uma boate, mas tudo não passou de uma tentativa que infelizmente não vingou. Houve também, segundo o nosso amigo Kishi, uma proposta apresentada pelo Pedrinho Arruda, sócio proprietário do Esporte Clube Humaitá, para que os sócios abrissem espaço a fim de que o prédio do clube pudesse ser útil a população. Conforme Kishi, Pedrinho se inspirou no SESC Arsenal de Cuia, um prédio histórico que se encontrava em situação semelhante ao Humaitá e que, adquirido pelo SESC é hoje referência turística, cultural e de lazer da Capital mato-grossense. Nos lembra o nipônico arauto anônimo da city, fotógrafo que se revelou um brilhante político, que o prefeito Francis, chegou a enviar ofício ao atual presidente do Humaitá, Mário Figueiredo, para propor transformar esse espaço com atividades de serviços públicos, uma espécie de Ganha Tempo para serviços de DETRAN, Loterias e Postos de Identificações entre outros, mas pelo observado, nada vingou. Exceto, o tempo inclemente, e a exemplo de outros prédios seculares da bicentenária Cáceres, continuam relegados ao abandono, lá está o Humaitá, jogado as baratas. Alguns prédios tombados, tiveram portas e janelas cimentadas, como se este fosse o expediente normal de tombamento histórico, outros, foram tombados sim, mas, pelos cupis e similares, restando inclusive num deles, apenas a parede frontal com um terreno baldio, onde antes era uma loja. Só pra encerrar nosso desabafo diante de tanto marasmo, inércia e descaso, buscamos o parecer do então à época, junho de 2012 Luiz Fernando de Almeida, presidente do Iphan, de que o tombamento da área central de Cáceres, viria possibilitar um processo de recuperação histórico e cultural da cidade, segundo ele, uma estratégia diferente dos procedimentos usuais para tombamento de patrimônios. Realmente, diferente Seu Luiz, diferente de suas previsões, que com o tombamento, ruas, praças e imóveis passariam a ser protegidos, frases mal ditas e perdidas no tempo. Mas, e sempre tem um mas, ... ainda resta felizmente uma esperança, remota, mas existe, de que a Pedra Preta Humaitá, seja uma batalha, que possamos, com a tutela antecipada da justiça, vencer 150 nos após a fluvial no rio Paraguai.
fonte: Da Redação
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