Desde que assumi o mandato de deputado estadual, tenho falado sobre a necessidade de buscarmos um novo modelo econômico para Mato Grosso. Reconhecemos a importância do agronegócio para o Estado, mas precisamos encontrar outras formas de gerar mais emprego e renda, inclusive nas regiões que não são grandes produtoras de grãos.

Mais que nunca, tenho certeza que o turismo é uma alternativa sustentável e que pode promover justiça social de forma mais célere para essas regiões, como o Vale do Rio Cuiabá, onde temos 13 cidades de muita história e grande concentração de pessoas, a exemplo da Capital, Santo Antônio de Leverger, Poconé, Rosário Oeste, entre outras.

Para se ter uma ideia, só no mês de abril foram gerados mais de 60 mil empregos no Brasil através do turismo. São 50 atividades transversais ligadas ao setor, principalmente na prestação de serviços.De acordo com a Secretaria de Qualificação e Promoção, órgão ligado ao Ministério do Turismo, podemos ter 100 milhões de brasileiros viajando e fazendo turismo nos próximos meses. É um potencial muito grande. Nos Estados Unidos, tem sido o setor que mais gera empregos e já é o segundo segmento que mais contribui com o Produto Interno Bruto (PIB).

No Brasil, tem aumentado a intenção dos brasileiros viajarem. Uma em cada quatro pessoas pretende viajar nos próximos seis meses. Temos que aproveitar esse momento. Realizamos uma audiência pública na Assembleia Legislativa para debater esse assunto e tivemos contribuições de diversos setores. A pesca esportiva, por exemplo, que agrega valor ao turismo sem grande impacto ambiental, tem que receber atenção especial.

Recebemos sugestão de projeto de lei para prorrogar o prazo da proibição da pesca da espécie dourado e vamos levar isso adiante através de um amplo debate com todos os atores sociais necessários.

Temos que buscar também formas de incluir no turismo o pequeno produtor ligado à agricultura familiar. Precisamos estender para o Estado a iniciativa do município de Nobres na implantação do voucher único, o que garante acompanhamento sobre a atividade turística, gerando recursos e Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN).

Precisamos efetivar a instalação do Conselho Estadual de Turismo, já aprovado em lei, e diminuir os impactos ambientais do esgoto jogado in natura no rio Cuiabá. O poder público tem que abraçar essas ideias, principalmente porque muitos municípios precisam ter projetos factíveis na área para captar recursos disponíveis. É por isso que vamos convidar todos os setores para realizar um seminário aprofundado sobre o tema.

Há alguns anos atrás, ninguém acreditava que o agronegócio poderia ser tão importante como é para a nossa economia devido à falta de infraestrutura.

Agora, chegou a momento de buscarmos novas alternativas principalmente para quem tem belezas naturais e grande potencial sustentável.

Allan Kardec é professor da rede pública e deputado estadual.

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