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Pimenta nos olhos dos outros é refresco?
Data:23/06/2016 - Hora:09h01

Não estamos nesta vida apenas para concordar, dançar conforme a música ou seguir eternamente nos embalos da lei da inércia. Estamos por aqui para também discordar, dissiparmos a monotonia e desconstruirmos as inquestionáveis unanimidades. Até porque, não é somente a partir das constâncias que avançamos, temos que considerar igualmente nesse processo, as divergências e os rompimentos, as interrupções e as circularidades que, ao nos apresentarem outros arranjos e possibilidades, vão nos convidando a conhecer o novo, o distinto, o ainda desconhecido. Pensando nisso, à luz da busca por um olhar sensível à diversidade, é chegada a hora de nos contrapormos à estabilidade e a apatia dos imaginários e discursos vigentes, e, por nossa conta e risco, reescrevermos, no campo das ideias e da prática cotidiana, dentre tantos elementos e conceitos, o curioso e limitador ditado popular: “pimenta nos olhos dos outros é refresco”.

Curioso, porque, egoisticamente, sugere a rejeição de um senso de comunidade, uma vez que o que se passa com alguém, contratempos, adversidades ou contrariedades, em nada compromete a rotina dos demais. Limitador, porque, consequentemente, ao rejeitar o senso de comunidade, acentua o individualismo e coloca as relações interpessoais num patamar perverso de indiferença, num campo em que se dá as costas ao alheio e unicamente o que interessa são os temas, ou mesmo conflitos, que dizem respeito a si.

Por essa razão, é que, convictos, declaramos que: “pimenta nos olhos dos outros não é refresco”, é dor coletiva, é sofrimento a ser superado, é mal a ser combatido por todos. O que acontece com quem quer que seja é sim do nosso interesse, alçada e preocupação. Casos, por exemplo, de homofobia, intolerância, racismo, machismo, desigualdades das mais diversas, precarização do trabalho, violência contra a mulher, culpabilização das vítimas de estupro, etnocentrismo que volte e meia nos são apresentados, não são problemas ou desafios a torturar somente ao vizinho ou a um estranho, ao contrário, são dilemas a serem enfrentados comunitariamente.

Resguardadas nossas autonomias, características e peculiaridades, não podemos nos esquecer de que habitamos uma casa comum, de que somos tripulantes do mesmo barco, de que nossas existências estão interligadas numa intrincada e intrigante teia de sentimentos, histórias, amores, sabores, alegrias e tristezas. Não estamos, nem nunca estaremos sós. Ainda que desavisados tentem nos negar ou nos separar por classificações, padrões, definições, mal ou bem, querendo ou não, somos simultaneamente um punhado de nós mesmos e um bocado das multidões que estão por aí afora. Definitivamente, não somos água e óleo que não se misturam, a nossa conexão, racional ou irracionalmente, é bem mais próxima e muito maior do que os nossos preconceitos possam supor.

Não estamos nos referindo a uma caridade pretensiosa ou a uma solidariedade oportunista. Não estamos tentando promover ou aconselhar a realização de boas ações, a fim de lotear pedaços de terras no Paraíso. O lance é muito mais no sentido de que precisamos nos colocar no lugar do outro, daquele que inclusive nós ainda nem conhecemos, do que apostarmos em atividades filantrópicas para desencargo de consciência, ou para sermos, como manda o figurino, politicamente corretos em nossas atitudes.

Colocarmo-nos no lugar do outro, ademais dos louros merecidos, significa: reprocessarmos a síndrome de Narciso que habita em nossas entranhas; quebrarmos os espelhos alinhados ao nosso redor, que nos permitem enxergar não mais que a nossa própria imagem e semelhança; ver, respeitar, incluir e conviver com as pessoas como são, não como queremos que sejam; abrir as portas da mente e do coração para a nossa maior riqueza, a diversidade.

O mundo, tal como o percebemos, sem tirar nem por, não há como não ser vislumbrado se não por meio da DIVERSIDADE. Ignorar essa condição, como infelizmente vem se sucedendo, é dar margem a mais segregações, discriminações, desamores e dissabores nas experiências em sociedade. É importante não nos descuidarmos do fato de que os ataques à diversidade que, lamentavelmente, ganham ampla repercussão na mídia e nas redes sociais, nem de longe se consubstanciam em episódios isolados, daqueles que as estatísticas manipuladas insistem em tornar raridades, são muitos, inúmeros, dados que nos envergonham, pois, sem sombra de dúvidas, para além de questões outras, demonstram cabalmente a incapacidade do SER HUMANO de não notar,

minimamente, que todos temos o direito à diferença, o direito de sermos diferentes.

Portanto, pimenta nos olhos dos outros NÃO é refresco!

 

José Ricardo Menacho:  professor do Curso de Direito (UNEMAT/Cáceres).




fonte: José Ricardo Menacho



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